Bioeconomia

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Promovendo equidade de gênero em cadeias de valor

Publicado por GIZ em

Compreender dinâmicas sociais a partir da perspectiva de gênero nos permite mapear relações de poder e estruturas sociais que continuam excluindo e trazendo entraves para a participação social plena e autônoma de mulheres e de pessoas LGBTQI. Aplicando essa lente às cadeias de valor, podemos mapear restrições para a participação de mulheres em diversos elos das cadeias. Conhecer, e reconhecer essa realidade permite criar estratégias para superar essas restrições, garantindo cadeias de valor mais justas e inclusivas.  

Mas como implementar, na prática, essas estratégias? Para trazer o tema para a realidade de organizações e empreendimentos da bioeconomia na Amazônia, projetos implementados pela área temática de Bioeconomia da GIZ Brasil promoveram a formação Organização e Fomento de Cadeias de Valor com Enfoque em Gênero. Foram cerca de 40 pessoas que se reuniram nas cidades de Belém e Manaus, em abril de 2022, para discutir as restrições de gênero em cadeias de valor. Participaram representantes de ONGs, cooperativas, empresas e instituições de ensino.  

Trocando ideias e aprendendo ferramentas 

Cada formação contou com quatro dias de trabalho, onde foram discutidas ferramentas para identificação de restrições de gênero em cadeias de valor e estratégias para o desenvolvimento de cadeias de valor sensíveis ao gênero, com foco no desenvolvimento de serviços e planejamentos que equacionem essas disparidades. “Essa formação é pensada de modo a estimular participantes a desenvolverem seus próprios projetos para enfrentar as restrições de gênero em suas cadeias de atuação, fomentando estratégias mais justas e autônomas”, afirma Luciana Rocha, assessora técnica da GIZ Brasil.  

Os cursos estimularam a reflexão sobre como do ponto de vista do negócio as restrições a participação de mulheres também provocam perdas financeiras. Ao final, é importante considerar que inclusão é uma oportunidade de negócios. “Construir cadeias de valor mais justas e inclusivas envolve intersecções entre diversos temas. O tema de gênero, especialmente na Amazônia brasileira, perpassa também discussões de raça, direito territorial e poder econômico e político. Esses pontos não podem ser deixados de lado, mas podem ser elaborados também em conjunto com perspectivas e argumentos de negócios”, reforça Luciana Rocha, assessora técnica da GIZ Brasil.   

Para a prática 

Desde maio de 2022, está sendo desenvolvido um processo de acompanhamento para participantes e instituições que propuseram pequenos projetos a serem implementados em suas áreas de atuação. No acompanhamento é oferecido um espaço para troca de ideias, orientado por perguntas-chave, sugestões e conselhos.  

Confira os projetos em andamento:

QuemPropostaÁrea de Atuação
Câmara de Comercialização de Produtos da Sociobiodiversidade e Agroecologia do Amapá (Camap)   
Sensibilização para o tema de cadeias de valor e gênero e compartilhamento de ferramentas 
Amapá 
ConexsusFormação para pessoas que atuam como ativadores de crédito, contribuindo para incluir a abordagem de gênero e facilitar que mulheres tenham acesso ao crédito, se beneficiam-se dessas oportunidades e sejam capacitadas em temáticas de financiamento.  Amazônia
MutranTransformar a empresa em uma empresa sensível ao gênero, com atenção à posição das funcionárias e mulheres na cadeia de suprimentos Amazônia
Slow FoodArticular participação de mulheres em cadeias de abacaxi desidratado, guaraná e mel Maués e região – Amazonas
Associação Paraense de Apoio às Comunidades Carentes (Apaac) Levantamento de restrições nos espaços de formações e criar espaços de debates sobre o tema de gênero em eventos da Rede Jirau de Agroecologia. Cametá – Pará 

Se você ficou interessado, acompanhe o desenvolvimento dos projetos pelo nosso Blog.  

Por que o foco em equidade de gênero? 

Processos de formação como estes, que também se comprometem com a fase de aplicação prática de projetos, estimulam o empoderamento econômico de mulheres. Esse empoderamento tem reflexos diretos em diversos aspectos sociais, extrapolando inclusive fronteiras nacionais. 

Estudos já mostraram como o nível de igualdade de gênero de um país é um fator determinante para a promoção da paz. Na formação do atual governo alemão esse tema veio à tona, já que foi estabelecido para o país uma Política Externa Feminista. Essa política é uma resposta promissora aos maiores desafios de nosso tempo, já que pode promover estratégias de paz, a igualdade de gênero, a justiça climática e a erradicação das desigualdades – todos esses reconhecidos desafios de nossos tempos.   

Isso também implica em uma abordagem de cooperação para o desenvolvimento que priorize a igualdade interseccional (de gênero e de raça) e a justiça focada na redução da pobreza. Essa perspectiva particularmente vai de encontro com o trabalho que a GIZ realiza em mais de 120 países pelo mundo. [inserir citação Benno, reforçando esse papel da GIZ, em especial em temas socioambientais no Brasil e na Amazônia].  


As formações Organização e Fomento de Cadeias de Valor com Enfoque em Gênero foram realizadas pelos projetos Bioeconomia e Cadeias de Valor e Cosméticos Sustentáveis da Amazônia.  

O projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor é desenvolvido no âmbito da parceria entre o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) e a Cooperação Alemã para o Desenvolvimento Sustentável, por meio da Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH, com o apoio do Consórcio EcoConsult/Conexsus, e tem como objetivo apoiar o desenvolvimento de cadeias de valor com enfoque em gênero para ampliar a comercialização de cooperativas e associações de comunidades locais em cadeias de valor prioritárias para o desenvolvimento de uma Bioeconomia sustentável e inclusiva na Amazônia.  

Na mesma linha, o projeto Cosméticos Sustentáveis da Amazônia é uma parceria entre a GIZ e as empresas Natura e Symrise, no âmbito do programa develoPPP do Ministério da Cooperação da Alemanha (BMZ). O objetivo do projeto é fortalecer as organizações de base comunitária no uso sustentável da sociobiodiversidade amazônica.  

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