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Gênero, diversidade e geração

Publicado por GIZ em

Quando estamos em campo, atuando diretamente na implementação de projetos, nos deparamos com questões que vão além do recorte metodológico proposto. Mesmo ao implementar projetos que tenham por objetivo melhor os espaços de participação das mulheres e da juventude, ainda assim nos deparamos com situações rotineiras, que desafiam nossa atuação.

Qualificar abordagens quanto às questões de gênero, diversidade e geração é muito importante para pensar em respostas mais adequadas àqueles momentos desafiadores. Também é fundamental identificar nas cadeias da sociobiodiversidade onde estão esses desafios, ao mesmo tempo em que se considera como as pessoas envolvidas lidam com sua pouca visibilidade e participação em tomadas de decisão no nível das organizações de base comunitária, embora estejam presentes e sejam essenciais na maioria das etapas produtivas.

Quais dicas podem nos apoiar nesse momento? A consultora Milena Argenta preparou a lista abaixo – uma abordagem prática, em diferentes níveis, que pode apoiar a reflexão de quem está enfrentando esses desafios em seu dia a dia.  

Confira a lista abaixo, pense no que faz sentido para sua própria atuação. Antes de fórmulas infalíveis, as sugestões são pontos de partida.

Curto prazo

  • Incentivar a participação das mulheres e outras minorias políticas em espaços de organização coletiva, poder e decisão, identificando as possíveis barreiras que os excluem e planejando ações para contorná-las.
  • Utilizar linguagem sensível e inclusiva.
  • Adotar ações afirmativas – contratações direcionadas, reserva de vagas para grupos minoritários, políticas de coaching e assessoramento, entre outras.
  • Utilizar metodologias inclusivas de consulta, para superar obstáculos e garantir a participação de um público diverso e por ventura excluído dos espaços formais de representação.
  • Realizar atividades formativas sobre questões, necessidades e demandas de grupos específicos para todo o público beneficiário de uma ação ou projeto, promovendo a escuta, a sensibilização e o entendimento sobre a importância da inclusão para toda a coletividade.
  • Realizar atividades formativas e capacitações direcionadas a mulheres e outros grupos sociais minorizados e marginalizados. Formar pessoas multiplicadoras – investir na formação de lideranças diversas que sejam identificadas nos territórios como potenciais catalizadoras de mais diversidade.
  • Utilizar metodologias inspiradas na pedagogia griô, ou seja, que valorizam o vínculo e a identidade cultural, a ancestralidade, os saberes e rituais locais.
  • Incluir temas relacionados a agroecologia, conservação ambiental e mudanças climáticas nas ações formativas e de capacitação, valorizando o papel das comunidades rurais e tradicionais para a conservação ambiental e a continuidade da vida no planeta.
  • Incluir temas relacionados a acesso a direitos, serviços e políticas públicas nas ações formativas e de capacitação, incentivando que as associações comunitárias se engajem em ações de incidência política e reivindicação de seus direitos. o Integrar diversas gerações nas ações formativas e de capacitação, assim como perfis diversos de participantes e pessoas facilitadoras.
  • Adotar políticas de incentivo à divisão solidária do trabalho de cuidados e doméstico. o Fortalecer parcerias estratégicas com organizações, instituições do poder público e privado, associações e movimentos que realizam ações direcionadas a grupos minorizados e marginalizados.
  • Sistematizar experiências, visibilizar ações em curso e bons resultados, interna e externamente à instituição. Promover intercâmbios e troca de experiências em territórios distintos, agregando organizações parceiras e novas parcerias.
  • Potencializar caminhos abertos por mulheres e jovens. Nos locais onde já existe um trabalho de mobilização e incentivo à inclusão de mulheres, por exemplo, há terreno fértil para avançar na inclusão de outros públicos.

Médio prazo

  • Traçar um plano para a inclusão das perspectivas de gênero, diversidade e geração em conjunto com as equipes, de modo que todas as pessoas envolvidas estejam apropriadas e comprometidas com a sua execução. Garantir um olhar para a inclusão desde as primeiras etapas de uma ação.
  • Criação de infraestruturas para debater questões de interesse de grupos minoritários específicos e propor ações de inclusão internas à organização – grupos de trabalho, secretarias, coordenadorias, entre outras.
  • Promover condições para o empoderamento de grupos específicos e porventura marginalizados – formações direcionadas, fortalecimento de capacidades, ações de acolhimento, de formação política sobre direitos e desigualdades, de fortalecimento de redes de suporte e apoio, entre outras.
  • Realizar atividades direcionadas aos homens, que possibilitem a reflexão sobre os padrões machistas e patriarcais e o enfrentamento às desigualdades de gênero.
  • Abordagem da equidade – proporcionar oportunidades diferenciadas a pessoas e grupos historicamente desprivilegiados e excluídos.
  • Análise da cultura organizacional para desvendar possíveis entraves à implementação de políticas inclusivas.
  • Alocação de recursos / orçamento para ações inclusivas e direcionadas a grupos específicos dentro da instituição.
  • Incluir recursos para ações de inclusão no orçamento dos projetos e ações externas.
  • Produzir informação qualificada – estatísticas e dados com recortes de gênero, geração e diversidade. Incluir esses recortes e informações nos estudos de linha de base dos projetos.
  • Sistematizar e compartilhar conhecimento: Coletar dados e informações sobre indicadores, relatar o progresso, avaliar resultados e compartilhar aprendizados.

Longo prazo

  • Construir vontade política – entendimentos comuns na organização sobre a importância da inclusão e do enfrentamento às desigualdades entre as equipes e coordenações.
  • Desenvolver instrumentos de monitoramento e avaliação das políticas inclusivas baseados em indicadores.
  • Apoiar a criação de grupos de afinidades nos territórios de atuação dos projetos – coletivos de mulheres, de juventudes, de diversidade, associações, comitês, entre outros, de modo a fortalecer uma identidade coletiva, fomentar a iniciativa própria e a autonomia.
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