Bioeonomia

Por relações mais justas

Publicado por GIZ em

Promover outras formas de comercialização, baseadas em diretrizes que estimulam relações mais justas e inclusivas, é fundamental para construir uma sociobioeconomia em conjunto com povos indígenas, quilombolas e comunidades tradicionais. 

Uma das formas de trabalhar essa temática também é apoiar empresas que já têm como valor promover relações comerciais mais justas, articulando desenvolvimento local e estímulo às práticas sustentáveis tradicionais das comunidades, ao mesmo tempo em que podem ser potencializadas tecnologias e formas de produção que promovem a biodiversidade.  

Pelo projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor, somamos nosso trabalho a esforços que já estão sendo implementados por parceiros locais e instituições que inovam em termos de financiamento e posicionamento de mercado para negócios de impacto.  

 

Produzindo melhor com ações conjuntas  

 Trabalhamos diretamente com alguns empreendimentos que produzem a partir da sociobiodiversidade. Isso significa articular e apoiar ações de assistência técnica, junto com órgãos estatais, para melhorar os processos de produção e garantir qualidade, como acontece com a relação entre a GIZ e a empresa Manioca. Desde 2022, apoiamos processos relacionados à produção de mandioca orgânica.  

Para quem produz, isso representa melhoria da renda. Seu Antônio Marcos Teles e Teles, de 42 anos, é um dos produtores que têm participado do processo. Ele mora na comunidade Boa Vista, no município de Acará, Pará. Para ele, “com a assistência técnica que foi proporcionada, aprendi a técnica do cultivo da mandioca, pimenta, açaí, mamão, cupuaçu e limão. Aprendemos como fazer biofertilizantes e como aplicar nas plantas, a fazer inseticidas naturais, com os materiais que temos aqui mesmo. Enfim, nos tirou muitas dúvidas que ainda tínhamos em relação ao cultivo. E todas as formações vão me ajudar no fornecimento de mandioca e pimenta para a empresa Manioca, me dando a oportunidade de crescimento do meu trabalho. Esta parceria já tem dado muito certo!”, celebra o agricultor.

A Manioca é uma empresa de Belém, criada em 2014. Sua atuação se baseia em relações mais justas e próximas com as famílias fornecedoras, de onde vem os ingredientes que são a base de seus produtos. “Fazemos tudo de forma artesanal e sustentável, movimentando a economia das comunidades locais e contribuindo com a preservação da maior floresta tropical do planeta”, destaca Paulo. Assim, a proposta da Manioca é criar alimentos voltados para um público mais urbano, utilizando ingredientes e sabores da sociobiodiversidade da Amazônia. Ingredientes tradicionais da culinária amazônica como o tucupi, cupuaçu e cumaru se transformam compondo preparos como temperos, molhos, geleias, granolas, farinhas e farofas. Somar esforços a esse empreendimento é uma oportunidade ímpar.

 

Soluções para quem quer empreender com a floresta 

Os desafios enfrentados pela comercialização na Amazônia requerem ações coletivas. Pequenos negócios e empreendedores socioambientais na Amazônia enfrentam grandes dificuldades para empreender e alavancar negócios de impacto e bioeconomia e construir caminhos alternativos a atividades predatórias. Grandes distâncias, pequena escala de produção, falta de infraestrutura adequada e produção pulverizada tornam os preços de produtos da região pouco competitivos.  

O projeto Amazônia em Casa, Floresta em Pé tem como propósito alavancar o ecossistema de acesso ao mercado para produtos da sociobiodiversidade amazônica. O objetivo é apoiar a jornada de empreendedores da Amazônia, proporcionando ações de vendas, campanhas de divulgação, conexão com redes de parceiros, participação em uma comunidade de aprendizagem, entre outros benefícios. Isso significa, ao mesmo tempo, levar produtos da Amazônia para a casa de consumidoras e consumidores do Brasil e do mundo por meio de produtos que de fato ajudam a manter a floresta em pé e promover qualidade de vida para quem produz. 

 

Por meio do projeto, apoiamos a chamada de negócios para o ciclo de 2021/2022. Isso representa: 

  • 34 empreendimentos apoiados, em 15 cadeias de valor 
  • Programa de Acesso a Mercado (capacitações e ações comerciais)  
  • Presença na Naturaltech e em outras feiras de destaque  
  • Desenvolvimento da Trilha Comunitária, adequada para Cooperativas e Associações  
  • Estratégia GoToMarket 
  • Planejamento estratégico e modelagem negócio  
  • R$960.000,00 em vendas  
  • 60% de aumento no faturamento 
  • 10 instituições parceiras envolvidas  

 Empreender por uma sociobioeconomia mais inclusiva 

 Desta relações, espaços de articulação e governança tem se consolidado. Um exemplo foi a criação da Associação dos Negócios da Sociobioeconomia da Amazônia (Assobio), em 2023. A iniciativa surge com o compromisso de dar representatividade e reconhecimento ao setor, além de promover o desenvolvimento regional, a preservação sócio, cultural e ambiental, em conjunto com a floresta e suas comunidades. Assim, a associação objetiva promover o fortalecimento e a cooperação entre os negócios ligados à sociobioeconomia da Amazônia. 

O processo foi construído em parceria, envolvendo diversas instituições e empresas. Fundação Certi, Jornada da Amazônia, Amaz, Clua e o projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor apoiaram este processo. Além disso, conta com 25 representações associadas. A diretoria da Assobio é composta por Paulo Reis, da Manioca, Vivian Chaun, da Moma Natural, Priscila Almeida, da Amazon Skin Foods e Valéria Moura, da Deveras Amazônia. 

Para o projeto Bioeconomia e Cadeias de Valor é relevante apoiar esse tipo de iniciativa, uma vez que este se configura como um espaço articulado para promoção de estratégias mais inclusivas e justas para promoção da bioeconomia na Amazônia, inovando em prática produtivas sustentáveis e relações comerciais mais justas e inclusivas.